A biodisponibilidade de nutrientes é um conceito fundamental para entendermos como nosso organismo absorve e utiliza os nutrientes presentes nos alimentos que consumimos. Trata-se da medida em que os nutrientes se tornam disponíveis para serem absorvidos pelo nosso corpo e desempenhar suas funções essenciais. A biodisponibilidade é influenciada por uma série de fatores, incluindo a forma química dos nutrientes, sua interação com outros compostos presentes na dieta e a eficiência do nosso sistema digestivo.
Quando nos alimentamos, esperamos que os nutrientes presentes nos alimentos sejam prontamente absorvidos e utilizados pelo nosso organismo. No entanto, nem todos os nutrientes são igualmente biodisponíveis. Alguns são facilmente absorvidos, enquanto outros podem ter sua absorção prejudicada. A biodisponibilidade é especialmente importante em casos de deficiências nutricionais, uma vez que a capacidade de absorver eficientemente os nutrientes pode ser crucial para corrigir essas deficiências.
Biodisponibilidade do ferro
Um exemplo comum de biodisponibilidade é o do ferro. O ferro é um mineral essencial para a produção de células vermelhas do sangue e para o transporte de oxigênio pelo corpo. No entanto, a forma de ferro encontrada nos vegetais, conhecida como ferro não-heme, é menos biodisponível do que a forma encontrada nas carnes, chamada de ferro heme. No entanto, a vitamina C presente em frutas cítricas, como a laranja, pode aumentar a absorção do ferro não-heme, melhorando sua biodisponibilidade. Essa é uma sinergia importante entre nutrientes que afeta a biodisponibilidade e destaca a importância de uma alimentação equilibrada e diversificada.
Biodisponibilidade da vitamina D
Outro exemplo notável é o da vitamina D, conhecida como a vitamina do sol. A síntese de vitamina D ocorre na pele quando somos expostos à luz solar, mas também podemos obtê-la através da alimentação, principalmente por meio de alimentos fortificados. No entanto, para que a vitamina D seja absorvida e utilizada pelo corpo, é necessária a presença de gordura na dieta. A gordura aumenta a biodisponibilidade da vitamina D, permitindo que nosso organismo aproveite seus benefícios. Portanto, a combinação de alimentos ricos em vitamina D com fontes saudáveis de gordura, como abacate ou azeite de oliva, favorece a biodisponibilidade desse nutriente essencial.
A biodisponibilidade de nutrientes também pode ser influenciada por fatores antinutricionais presentes em certos alimentos. Por exemplo, alguns vegetais crucíferos, como o brócolis e a couve-flor, contêm compostos chamados fitatos, que podem se ligar a minerais, como o cálcio e o ferro, e reduzir sua absorção. No entanto, o processo de cozimento desses vegetais pode ajudar a reduzir os fitatos e melhorar a biodisponibilidade dos minerais. Além disso, o consumo de alimentos ricos em vitamina C juntamente com vegetais crucíferos juntamente com vegetais crucíferos pode aumentar a absorção desses minerais, neutralizando os efeitos dos fitatos. Essa sinergia entre nutrientes é mais um exemplo de como a combinação adequada de alimentos pode influenciar a biodisponibilidade de nutrientes.
Ferro e cálcio não combinam
A relação entre ferro e cálcio é um exemplo importante de interação entre nutrientes que pode afetar a biodisponibilidade de ambos. Pois, a absorção desses dois minerais pode ser afetada quando são consumidos simultaneamente. O cálcio pode inibir a absorção do ferro não-heme, presente em alimentos de origem vegetal, devido à formação de complexos insolúveis no trato gastrointestinal. Portanto, a ingestão excessiva de cálcio, especialmente através de suplementos, pode reduzir a biodisponibilidade do ferro. Por outro lado, o ferro pode prejudicar a absorção do cálcio quando consumido em quantidades elevadas. É por isso que é importante buscar um equilíbrio adequado entre a ingestão de alimentos ricos em ferro e cálcio, bem como considerar outras estratégias, como consumir alimentos fontes destes minerais em horários separados e não na mesma refeição.
Zinco e cobre
A relação entre zinco e cobre é outra sinergia importante que influencia a biodisponibilidade desses dois minerais essenciais. Pois, a absorção e a utilização adequadas desses minerais dependem de um equilíbrio adequado entre eles. O excesso de zinco pode interferir na absorção do cobre, levando a uma deficiência desse mineral, enquanto o excesso de cobre pode reduzir a absorção de zinco. Portanto, é essencial manter um equilíbrio saudável entre a ingestão de zinco e cobre, preferencialmente através de uma alimentação equilibrada. Alimentos como carnes, mariscos, grãos integrais, leguminosas e nozes são boas fontes desses minerais e podem contribuir para uma biodisponibilidade adequada, garantindo assim o funcionamento correto das funções biológicas dependentes de zinco e cobre.
Fatores diversos
Além das interações entre nutrientes, a biodisponibilidade também se prejudica por fatores individuais, como idade, estado de saúde e condições fisiológicas. Por exemplo, mulheres grávidas têm uma maior necessidade de ácido fólico, uma vitamina essencial para o desenvolvimento fetal saudável. No entanto, a absorção de ácido fólico pode ser prejudicada por certos medicamentos ou condições de saúde, como doenças inflamatórias intestinais. Nesses casos, é importante que a mulher receba uma orientação nutricional adequada e possivelmente suplementação com a biodisponibilidade adequada desta vitamina.
Genética interfere como absorvemos
A genética também desempenha um papel importante na biodisponibilidade de nutrientes. Variações genéticas individuais podem afetar a forma como nosso corpo metaboliza e absorve certos nutrientes, o que pode influenciar a sua biodisponibilidade. Um exemplo simples é de algumas pessoas que possuem variações genéticas que afetam a produção de enzimas envolvidas na metabolização de certos nutrientes, como a lactase para a digestão da lactose. Essas variações genéticas podem resultar em maior ou menor capacidade de aproveitar os nutrientes presentes em determinados alimentos. Compreender a influência da genética na biodisponibilidade dos nutrientes pode ajudar a personalizar a dieta e a suplementação de acordo com as necessidades individuais, visando otimizar a absorção e utilização adequada dos nutrientes.
É importante ressaltar que a biodisponibilidade não se limita apenas aos nutrientes essenciais, como vitaminas e minerais. Também se aplica a outros compostos bioativos encontrados nos alimentos, como os fitoquímicos, que têm demonstrado ter efeitos benéficos à saúde. Por exemplo, a curcumina, um composto presente na cúrcuma, tem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, mas sua biodisponibilidade é baixa quando consumida isoladamente. No entanto, a combinação da cúrcuma com pimenta-do-reino, que contém uma substância chamada piperina, pode aumentar significativamente a absorção da curcumina, maximizando seus efeitos terapêuticos.
Para maximizar a biodisponibilidade de nutrientes em nossa alimentação, adote uma abordagem equilibrada e diversificada. Uma dieta rica em alimentos naturais e minimamente processados, como frutas, legumes, verduras, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis, fornece uma ampla variedade de nutrientes essenciais. Além disso, combinações estratégicas de alimentos podem melhorar a biodisponibilidade desses nutrientes, como consumir alimentos ricos em vitamina C juntamente com fontes de ferro vegetal ou adicionar uma fonte de gordura saudável às refeições que contenham vitamina D.
Conclusão
Em suma, a biodisponibilidade de nutrientes é um fator-chave para garantir que nosso organismo absorva e utilize eficientemente os nutrientes dos alimentos que consumimos. A interação entre nutrientes e outros compostos presentes na dieta desempenha um papel crucial na biodisponibilidade, com sinergias benéficas que podem melhorar a absorção e utilização dos nutrientes pelo corpo. Com uma alimentação equilibrada, diversificada e consciente das interações entre os nutrientes, podemos otimizar a biodisponibilidade e promover uma nutrição adequada e saudável para nossa saúde e bem-estar.
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